Dias Pastorinho S.A. 1741g

Benjamin Resende

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COLUNA - Benjamin Resende 4w5k2k

Data 17/01/2021
Horário 04:10
Frota de Caminhões de A.Dias S/A, preparada para o desfile de 7 de Setembro, 1952
Frota de Caminhões de A.Dias S/A, preparada para o desfile de 7 de Setembro, 1952

Quem viveu o comércio balconista sabe que tudo era servido aos quilos e pesado em balanças, tipo Roberval, que utilizava o princípio de Arquimedes, comparando pesos dos dois lados. O comerciante tinha uma caixa de jogo de pesos, que começavam com 50g e iam até 5kg. Muito tempo depois, surgiram as “filizzolas”, balanças de um prato só, sem a utilização desses pesos, mas com uma régua marcadora de quilos, inovando a pesagem com precisão. Quilo por quilo desse ou daquele gênero alimentício se pesava e embrulhava ou colocava em saquinhos de papel. Não havia a facilidade de hoje. O balcão era o limite, dentro dele, no meio de sacarias e caixotes, o comerciante, fora o freguês, mero espectador. Nos dias de hoje, prateleiras e gôndolas expõem as mercadorias, de modo que, a gosto do comprador, é só ir pegando e enchendo o carrinho. Só quem viveu o comércio balconista pode avaliar o avanço que nos trouxe o supermercado. É muito interessante tudo isso. Expressões “secos e molhados” ou “atacado e varejo” representam um ado não tão distante de nós, mas para os jovens, uma eternidade. A celeridade tomou conta do mundo. Embutimo-nos em casa, vidiotas que ficamos. Mecanizamo-nos no supermercado, pois preço e produto estão nas gôndolas, ao alcance de nossas mãos. O contato direto do comerciante com o freguês não existe mais. A frieza dos supermercados aboliu os fregueses especiais. Em 1951, a firma Dias Pastorinho S.A adquiriu a casa comercial do cerealista Miguel Nakid, estabelecida à rua Felício Tarabay. Converteu-a em armazém de secos e molhados, atacado e varejo. Para o trabalho, na filial que se abria, chegava, também, um grupo de portugueses. Vinham prestar o seu serviço, cumprir a sua parte. Garra não lhes faltava. Dedicavam-se, de corpo e alma, à empresa. Entre eles, estava o Braz Gonçalves Ferreira. Todos tinham o seu papel a executar e labuta é que não faltava. Vinham por prazer e por necessidade. E trabalhar, sem compromisso de horário, era uma forma de matar o tempo e a saudade das terras de além mar. Uma forma de produzir mais e ganhar mais. Uniam-se trabalho e responsabilidade. A Dias Pastorinho S.A. era o centro. Tudo girava em torno da firma. Essa foi dilatando seu espaço, comprando alguns imóveis vizinhos, na Felício. Uns empregados deixando a firma e outros se aposentando. E o Braz permaneceu. Deixou de ser balconista. Promoveu-se a gerente. O tempo consumiu-lhe muitos e muitos calendários. Em 1968, de armazém ou a supermercado. Em 1975, ampliou-se a área. Comprou-se a propriedade dos fundos, onde estava a loja Gasmar. A Pastorinho se agigantava, com sua grande loja indo da Felício para a José Foz. Foi o primeiro grande mercado da cidade. Foi o processo normal de se crescer com a Prudente dos anos setenta. Adaptava-se ao dia a dia do progresso, sabendo que o ramo de comestíveis sempre foi por demais ingrato. Exigia paciência e trabalho contínuos. Obrigava a sacrifícios, pois, para se ganhar um pouco mais, tinha-se que vender uma grande quantidade. Assim foi A Dias Pastorinho S.A. nesse meio século, em Presidente Prudente. Um armazém com destaque para todos os produtos. Um supermercado de múltiplas variedades. E o Sr. Braz viveu, todo esse tempo, ao sol e à sombra da empresa. Cresceu com ela e ela, com Prudente. Ambos se moldaram aos novos tempos, atualizando-se com os novos equipamentos, pois, do manual trabalho, se ou ao elétrico e, deste, ao eletrônico. Em Presidente Prudente, quantos portugueses aqui fincaram raízes! Deixaram Portugal. E quem emigra, tem duas vidas. A que lá deixou e a que aqui construiu. É esta a vida do Braz Ferreira. Saiu do arquipélago da Madeira, em primeiro de janeiro de 1950. E, em Prudente, fixou-se em 1951, juntamente com a Dias Sé S.A., logo convertida em Dias Pastorinho S.A. Deixou o Braz a sua querida Funchal, cidade dos jardins e ruas ajardinadas, encravada na Ilha da Madeira, cantada em versos: “Azul... Mar e Céu, no meio, a ilha fascinante”. É, agora, prudentino por livre adoção, com histórias mirabolantes do nosso comércio. Para o Braz, de suas tantas lembranças, comovia-o a organização do desfile de Sete de Setembro e do Dia da Cidade. Pela madrugada, toda a frota enfileirava-se em frente ao armazém, preparada para o desfile e, após a exibição patriótica do Tiro de Guerra, das Escolas, dos Revolucionários de 32 e dos Pracinhas, entremeados de carros alegóricos, os veículos ornamentados das firmas tomavam seus lugares. A Dias Pastorinho se motorizava e, garbosamente, desfilava pelas ruas da cidade, levando, em seus jipes, camionetes e caminhões, a confraternização luso-brasileira, ostentando, ao lado do pendão verde-amarelo, a bandeira e brasões da ousadia do Império Português, dilatado, como disse Camões, “por mares nunca dantes navegados”.

 

 

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