O tombo, a sauna e a sabedoria dos "tios" 32235r

Persio Isaac

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CRÔNICA - Persio Isaac 14e2q

Data 06/06/2025
Horário 06:00

Dias atrás, a vida me brindou com um daqueles dias que parecem roteirizados por um humorista com uma queda por ironias. Começou com a melancólica notícia da partida de Nana Caymmi, um eco da finitude que insiste em rondar a nossa "geração de ouro". A trilha sonora da manhã, um encontro improvável entre a voz etérea de Billie Holiday e o timbre rouco de Rod Stewart, embalou minha ida ao supermercado, um ritual prosaico para garantir o pão nosso de cada dia, na companhia da Mulher Maravilha.
A vida, essa dançarina incansável, logo me puxou para outro ritmo. Um convite honroso, a direção comercial do meu amado Tênis Clube. A energia contagiante da Liliane, da Angélica e da Alexandra no departamento comercial injetou ânimo na tarde, enquanto traçávamos planos para atrair novos sócios, um sopro de renovação para o clube do coração.
A caminhada animada para encontrar o Fábio, o gerente istrativo, foi o prelúdio para o inesperado. Deslizei pelos degraus, meus olhos distraídos pela aquática coreografia na piscina olímpica, e de repente, o chão se rebelou. Uma saliência traiçoeira me lançou numa cambaleante dança solo, um "catando cavaco" que culminou em um tombo de fazer inveja a qualquer bêbado iniciante.
"Tudo bem, tio?". A pergunta do jovem ecoou como um raio na minha atordoada consciência. "Tio"? A palavra, carregada de uma doçura condescendente, me atingiu como um resfriado em pleno verão. Agradeci a ajuda, enquanto a poeira da queda grudava em mim, e a melodia do samba "Levanta, sacode a poeira" ressoava como um mantra irônico.
A dor começou a se insinuar, um protesto silencioso nos braços e pernas. A sauna, naquele momento, me pareceu um bálsamo reconfortante, um abraço quente para afastar o mal-estar. Ledo engano. No calor úmido, rodeado pela camaradagem dos "tios" Zé Garcia, Dr. Borghi, Thadeu, Vitão, Paulo, Marcos (Pipipi), Marcos Ferro e companhia, a dor tramava nas sombras, esperando o momento certo para o ataque.
Às nove da noite, a despedida do grupo marcou o início do meu calvário particular. A virilha em polvorosa, o braço latejante, as costelas gritando a cada inspiração. A ironia de ter que ligar para a Mulher Maravilha, a meras quatro quadras de casa, era quase cômica, se não fosse a dor lancinante que me impedia de dar um o sequer.
A noite foi uma sinfonia de gemidos e analgésicos. A manhã trouxe um alívio tímido, o suficiente para me arrastar até a Távola Redonda, o santuário sabático dos notáveis do clube. Antero, Duca, Zé Roberto, Michel, Dr. Jaime, Gringo e Diorla e os demais ouviram meu relato com uma mistura de surpresa e divertimento. "Que coisa, hein, Magrão? Acho que a velhice está chegando...".
A frase pairou no ar, carregada de uma verdade agridoce. Talvez a velhice não seja uma questão de idade, mas sim a coleção de tombos inesperados, as dores que teimam em nos lembrar da nossa fragilidade, e a condescendente, mas carinhosa, alcunha de "tio" que a juventude nos concede. E no meio de tudo isso, a música, sempre a música, como uma trilha sonora constante, embalando a melancolia, a alegria e até mesmo as quedas da vida. Porque, no fim das contas, a vida continua, com seus tropeços e suas melodias inesquecíveis.

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